[VÍDEO] No barco

Esse vídeo foi filmado numa viagem de barco de Belém a Manaus. São cinco dias de viagem rio acima. Percorremos 1.600km passando por onze cidades para abastecer o barco com vários produtos a serem levados até Manaus. O barco não é preparado para turismo. É o transporte semanal das pessoas que moram em cidades  à beira do Rio Amazonas. Então, durante esses cinco dias convivi com “o pessoal de lá” dormindo em redes apertadas e comendo quentinhas caseiras de carne ou frango.

Entre o que mais me chamou atenção na viagem estão as crianças ribeirinhas. Meninos e meninas e o seu trabalho. De certa forma um trabalho que se transforma em brincadeira e intercâmbio cultural para estas crianças que moram ali à beira do  Amazonas. Os jovens habitantes das margens do Rio, em pequenas canoas, remam até o barco pra vender frutas, camarões, vegetais e outros produtos “da terra” para a tripulação do barco. Com uma parte do dinheiro da venda compram um pouco do sabor do “mundo de fora” (chiclete, biscoito, coca cola) e com olhares, conversas com pessoal da cidade, instigam a curiosidade. O que estes meninos tiram do trabalho? O que este trabalho tira deles? No barco, os meninos observam de onde normalmente eles são observados. E me pergunto, o que será que esses meninos pensam de si próprios ao observar “o seu lugar”. Não deu para responder no dia… Fico com a pergunta na cabeça.  Quem sabe um dia eu volte lá pra descobrir.

As filmagens aleatórias feitas durante a viagem possibilitaram-me organizar este vídeo. São imagens comoventes que me ajudarão a lembrar e contar um pouco do que vi nesta viagem. Na verdade, um pouco da minha viagem na viagem.

[Ensaio] Esquinas

Todas as fotografias são de esquinas em quatro cidades brasileiras. Sobral, Fortaleza, São Luís e Manaus. As fotografias foram tiradas durante uma viagem de pré-produção pra um projeto. O objetivo da viagem não foi para fotografar as esquinas! A ideia surgiu durante a viagem e resolvi fotografar esquinas interessantes que eu passava.

A esquina é o encontro de caminhos. As pessoas que seguem por esses caminhos, se encontram nas esquinas. Há esquinas que as pessoas apenas se cruzam, mas, há esquinas que elas param. Param pra que? Pra observar e ser observado, pra encontrar e ser encontrado, pra montar uma barraquinha e vender espetinho com cerveja, ou pra conversar e comer espetinho com cerveja. Existem, todavia, esquinas tão abandonadas que o lixo marca presença.